Antes
dos dezoito anos Luiz teve sua primeira paixão: Nazarena, uma moça da
região. Foi rejeitado pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, que
não o queria para genro e ameaçou-o de morte. Mesmo assim Luiz e
Nazarena namoraram algum tempo escondidos e planejavam ser felizes
juntos. Januário e Santana lhe deram uma surra ao descobrirem que ele se
envolveu com a moça. Revoltado por não poder casar-se com a moça, e por
não querer morrer nas mãos do pai dela, Luiz Gonzaga fugiu de casa e
ingressou no exército em Crato (Ceará).
A partir dali, durante nove anos ele ficou sem dar notícias à família e
viajou por vários estados brasileiros, como soldado. Não teve mais
nenhuma namorada, passando a ter algumas amantes ao longo da vida.
Em Juiz de Fora, Minas Gerais (MG), conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela sua habilidade como acordeonista. A partir daí começou a se interessar pela área musical.
Em 1939, deu baixa do Exército na Cidade do Rio de Janeiro:
Estava decidido a se dedicar à música. Na então capital do Brasil,
começou por tocar nas áreas de prostituição da cidade. No início da
carreira, apenas solava acordeão (instrumentista), tendo choros, sambas, foxtrote s e
outros gêneros da época. Seu repertório era composto basicamente de
músicas estrangeiras que apresentava, sem sucesso, em programas de
calouros. Apresentava-se com o típico figurino do músico profissional:
paletó e gravata. Até que, em 1941, no programa de Ary Barroso, ele foi aplaudido executando Vira e Mexe ,
um tema de sabor regional, de sua autoria. O sucesso lhe valeu um
contrato com a gravadora Victor, pela qual lançou mais de 50 músicas
instrumentais. Vira e mexe foi a primeira música que gravou em disco.
Veio depois a sua primeira contratação, pela Rádio Nacional.
Foi lá que tomou contato com o acordeonista gaúcho Pedro Raimundo, que
usava os trajes típicos da sua região. Foi do contato com este artista
que surgiu a ideia de Luiz Gonzaga apresentar-se vestido de vaqueiro -
figurino que o consagrou como artista.
Em 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: A mazurca Dança Mariquinha em parceria com Saulo Augusto Silveira Oliveira.
Também
em 1945, uma cantora de coro chamada Odaléia Guedes dos Santos deu à
luz um menino, no Rio. Luiz Gonzaga mantinha um caso há meses com a moça
- iniciado quando ela já estava grávida - Luiz, sabendo que sua amante
ia ser mãe solteira, assumiu a paternidade da criança, adotando-o e
dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior.
Odaléia,
que além de cantora de coro era sambista, foi expulsa de casa por ter
engravidado do namorado, que não assumiu a criança. Ela foi parar nas
ruas, sofrendo muito, até que foi ajudada e descobriu-se seu talento
para cantar e dançar, e ela passou a se apresentar em casas de samba no
Rio, quando conheceu Luiz. A relação de Odaléia, conhecida por Léia, e
Luiz, era bastate agitada, cheia de brigas e discussões, e ao mesmo
tempo muita atração física e paixão. Após o nascimento do menino, as
brigas pioraram, já que havia muitos ciúmes entre os dois. Eles
resolveram se separar com menos de 2 anos de convivência. Léia ficou
criando o filho, e Luiz,às vezes, ia visitá-los .
Em 1946 voltou
pela primeira vez a Exu (Pernambuco), e teve um emocionante reencontros
com seus pais, Januário e Santana, que há anos não sabiam nada sobre o
filho e sofreram muito esse tempo todo. O reencontro com seu pai é
narrado em sua composiçãoRespeita Januário, em parceria com Humberto Teixeira.
Em 1948,
casou-se com sua noiva, a pernambucana Helena Cavalcanti, professora
que tinha se tornado sua secretária particular, por quem Luiz se
apaixonou. O casal viveu junto até o fim da vida de Luiz. Eles não
tiveram filhos biológicos, por Helena não poder engravidar, mas adotaram
uma menina, a quem batizaram de Rosa
Nesse mesmo ano Léia morreu de tuberculose,
para desespero de Luiz. O filho deles, apelidado de Gonzaguinha, ficou
órfão com 2 anos e meio. Luiz queria levar o menino para morar com ele e
Helena, e pediu para a mulher criá-lo como se fosse dela, mas Helena
não aceitou, juntamente com sua mãe, Marieta, que achava aquilo um
absurdo, já que nem filho verdadeiro de Luiz era. Luiz não viu saída:
Entregou o filho para os padrinhhos da criança, Leopoldina e Henrique
Xavier Pinheiro, criá-lo, no Morro do São Carlos. Luiz sempre visitava a
criança e o menino era sustentado com a assistência financeira do
artista. Luizinho foi criado como muito amor. Xavier o considerava filho
de verdade, e lhe ensinava viola, e o menino teve em Dina um amor
verdadeiro de mãe. [3]
Luiz não se dava bem com o filho, apelidado de Gonzaguinha.
Ele passou a não ver mais o filho na infância do menino e sempre que o
via brigava com ele, apesar de amá-lo, achava que ele não teria um bom
futuro, imaginando que ele se tornaria um malandro ao crescer, já que o
menino era envolvido com amizades ruins no morro, além de viver com
malandros tocando viola pelos becos da favela. Dina tentava unir pai e
filho, mas Helena não gostava da proximidade deles, e passou a espalhar
para todos que Luiz era estéril e não era o pai de Luizinho, mas Luiz
sempre desmentia, já que ele não queria que ninguém soubesse que o
menino era seu filho somente no civil. Ele amava o menino de fato,
independente de ser filho de sangue ou não.
Na
adolescência, o jovem se tornou rebelde, não aceitava ir morar com o
pai, já que amava os padrinhos e odiava ser órfão de mãe, e dizia sempre
que Luiz não era seu pai biológico, o que entristecia-o. Helena
detestava o menino e viva implicando com ele, e humilhando-o e por isso
Gonzaguinha também não gostava da madrasta Helena, o que afastou e
causou mais brigas entre pai e filho, já que Luiz dava razão à esposa.
Não vendo medidas, internou o jovem em um colégio interno para desepsero
de Dina e Xavier. Gonzaguinha contraiu tuberculose aos 14 anos e quase
morreu. Aos 16, Luiz pegou-o para criar e o levou a força para a Ilha do Governador,
onde morava, mas por ser muito autoritário e a esposa destratar o
garoto, o que gerava brigas entre Luiz e Helena, Gonzaga mandou o filho
Gonzaguinha de volta ao internato.
Ao
crescer, a relação ficou mais tumultuada, pois o filho se tornou um
malandro, tornando-se viciado em bebidas alcoólicas. Ao passar o tempo,
tudo foi melhorando quando Gonzaguinha resolveu se tratar e concluiu a
universidade, e se tornou músico como o pai. Pai e filho ficaram mais
unidos quando em 1980 viajaram o Brasil juntos, quando o filho compôs
algumas músicas para o pai. Eles se tornaram muito amigos, e conseguiram
em fim viver em paz.
Luiz Gonzaga sofria de osteoporose há alguns anos. Morreu vítima de parada cardiorrespiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte (a
contragosto de Gonzaguinha, que pediu que o corpo fosse levado o mais
rápido possível para Exu, irritando várias pessoas que iriam ao velório e
tornando Gonzaguinha "persona non grata" em Juazeiro do Norte) e
posteriormente sepultado em seu município natal.
Luiz Gonzaga era Maçon e é o compositor, juntamente com Orlando Silveira, da música "Acácia Amarela". Luiz Gonzaga foi iniciado na Loja Paranapuan, Ilha do Governador, em 03/04/1971.
Em 2012, Luiz Gonzaga foi tema do carnaval da GRES Unidos da Tijuca,
com o enredo "O dia em que toda a realeza desembarcou na avenida para
coroar o Rei Luiz do Sertão", fazendo com que a escola ganhasse o
carnaval deste respectivo ano.
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